domingo, 30 de setembro de 2012

Anelo de servir

* Por Gabriela Mistral

Toda a natureza é um anelo de servir.
Serve a nuvem, serve o vento, serve a chuva.
Onde haja uma árvore para plantar, planta-a tu,
onde haja um erro para corrigir, corrige-o tu,
onde haja um trabalho que todos se esquivem, aceita-o tu.
sê o que remove a pedra do caminho,
o ódio entre os corações e as dificuldades do problema.
Há a alegria de ser puro e a de ser justo,
mas há, sobretudo, a maravilhosa,
a imensa alegria de servir.
Que triste seria o mundo
se tudo se encontrasse feito,
se não existisse uma roseira para plantar,
uma obra para se iniciar!
Não te chamem unicamente os trabalhos fáceis.
É muito mais belo fazer
aquilo que os outros recusam.
Mas não caias no erro de pensar
que somente há méritos nos grandes trabalhos;
há pequenos serviços que são bons serviços;
adornar uma mesa,
arrumar teus livros,
pentear uma criança.
Aquele é o que critica,
este é o que destrói:
sê tu o que serve.
O serviço não é faina de seres inferiores.

• Pseudônimo da professora e poetisa chilena Lucila de Maria Del Perpetuo Socorro Godoy Alcayaga, ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura de 1945

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