quarta-feira, 27 de junho de 2012

Um pouco de tudo


* Por Mara Narciso


Através da música pode-se fazer um passeio cultural pelas nossas tradições, gostos e preferências. Ao fim de umas poucas passadas do CD Nossa Arte Nossa Gente volume II, Encontro Regional de Música Popular, apresentado por Josecé Santos, já se gosta de várias músicas. São 21 no total. Algumas estão tocando na Rádio Unimontes há um bom par de meses. Outras foram apresentadas agora. Na primeira audição pode-se questionar mentalmente a miscelânea de ritmos e estilos. Param aí as ressalvas. Nem todas as músicas são obras primas, mas há muita coisa boa, de letra poética e melodia marcante. Algumas já viraram hino, como “Catopelando”, sobre as Festas de Agosto, de Valmir Oliveira e Georgino Júnior, “Louco por você”, sobre o amor, de Danilo Campos e “Mãe”, uma homenagem a Nossa Senhora, de Marcílio Maia.

Fora um rock pesado e uma música instrumental, a coletânea é a cara do Programa Nossa Arte Nossa Gente, da Rádio Unimontes, um lugar onde todos que produzem arte têm a oportunidade de mostrar o que fazem, cantando e opinando. É um ponto democrático no dial, no qual todas as tendências musicais aparecem, até mesmo as que fogem ao gosto do produtor. A bandeira do programa, siamescamente acoplado a Associação dos Artistas do Norte de Minas, ou ASANORTE é acolher, proteger e respeitar o artista regional. Nesse sentido o CD condiz com a proposta e vai além: abraça e ampara quem trabalha com música.

Não se faz favor algum em comprar, divulgar e ouvir o CD Nossa Arte Nossa Gente, volume II. É gostoso esse som. As letras falam das coisas nossas de matutos do norte de Minas, das nossas festas, culinária e paisagens, e principalmente cantam o amor por pessoas e coisas.

O que no começo pareceu uma mistura insólita, no conjunto se mostrou um prato de bom tempero. Há de tudo um pouco, desde músicas festivas, para fora, comemorativas, como músicas tímidas, intimistas e sofridas. O poeta sofre junto com o povo sertanejo habituado a chorar a falta de chuva, vendo tudo morrer. Ou se desespera vendo a ação do homem predatório, que criminosamente derruba as árvores e apodrece os rios, por ganância ou seu oposto, a ignorância pura e simples.

Foram escolhidas músicas de todos os matizes e feitios, de muitos estilos musicais, de mensagens ecológicas e religiosas, e que são a cara da nossa pobre região, pobre em riqueza material, mas rica em capacidade de expressar seus sonhos, diga-se, de manifestar sua indignação.

Embora regional, os anseios são aqueles de todos nós, e o CD não está destinado apenas ao povo local, porque o desejo de paz entre os homens e com a natureza é uma necessidade universal. Cada vez que se escuta a coletânea, mais beleza se encontra na sequência musical que contempla pessoas sensíveis, relaxa o corpo e amacia a alma.

*Médica endocrinologista, jornalista profissional, membro da Academia Feminina de Letras de Montes Claros e autora do livro “Segurando a Hiperatividade” – blog http://www.teclai.com.br/

10 comentários:

  1. Através da música eu viajo, Mara Narciso!
    Abraços!

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  2. Um ótimo texto para ser compartilhado.
    Abraços Mara

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    1. Obrigada Núbia pela passagem e considerações. Fica parecendo propaganda do CD, mas tem boas músicas de fato.

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    1. Criando palavras na sua visita. Agradecida, professor Adailton.

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  4. O "Encontro Regional de Música Popular", estimula o desejo de paz de muita gente, promove contatos inusitados, tenho certeza que muitos compartilharam e aproximou até quem estava longe...
    Parabéns para os artistas do Norte de Minas, Mara!
    Abração

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  5. Os festivais em todo Brasil são grande momentos com boas disputas, ciúmes e até brigas, mas ganham o público, artistas e a própria música, Calvino. No caso não houve festival, mas os ciúmes andaram soltos para entrar na seleção. Ficou um bom resultado, embora com múltiplos estilos. Obrigada por comentar.

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  6. Um saboroso "mexido" mineiro, que através do seu texto quase deu pra sentir o gosto. Muito bom, Mara.

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    1. Marcelo, você é uma gracinha e sabe fazer graça com uma perícia invejável. Obrigada!

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