sexta-feira, 25 de maio de 2012

Momento de cultura


* Por Rubem Costa

Momento ímpar nos fastos de uma instituição, a posse do Conselho de Amigos da Academia Campinense de Letras, ocorrida dia 17 último, dimensionou a importância de uma visão de cultura para atender aos reclamos da civilização em mudança. Convocado a participar de uma experiência que busca compartilhar a arte com a realidade fática, o empresariado não se negou ao apelo como evidenciou o ato de instalação do novo organismo acadêmico.

O comparecimento à cerimônia inaugural do instituto revela a existência — na complexa era dos negócios— de mentes abertas prontas a colaborar em empreendimentos que libertem o homem da rigidez marmórea de um mundo estratificado pelo utilitarismo pérfido.

A presença do Conselho traduz a compreensão singela de que não só de pão vive o homem, numa visão plena do sentido humano da vida. Uma filosofia singela que se conjuga com o atual propósito da Campinense de Letras que, há muito, deixou de ser um casulo de contemplação quando gratuitamente abriu suas portas para o trabalho de outras entidades culturais destituídas de sede própria. Uma visão cósmica que, abandonando o telurismo antigo, vem ao encontro às necessidades de uma sociedade que quer e necessita crescer culturalmente. Vem daí, o prestígio da entidade refletido na recente instalação do Conselho de Amigos da ACL. Foi um momento representativo que reuniu figuras da mais alta expressão do cenário cultural e empresarial não só da cidade como do estado.

Assim, entre muitos, estiveram presentes as seguintes personalidades: Dr. Adolpho Lindenberg — diretor presidente da Construtora Lindenberg com sede em São Paulo; Álvaro Bacelo Ragghiante — empresário atuante em Campinas; Ari Del´Alamo — presidente da Viação Princesa D’Oeste; Armindo Dias — presidente da Arcel; Dr. José Maria Amaral Gurgel — advogado internacional e presidente do Editorial Amaral Gurgel, com se de em Madrid (Espanha); Marie Rose Gebara Maluf — presidente da Têxtil Assef Maluf (Sumaré - SP). Além de que, na solenidade de posse, em nome dos conselheiros, falou o Dr. João Grandino Rodas — reitor da Universidade de São Paulo (USP) e no almoço comemorativo realizado no Royal Palm Praza usou da palavra o conselheiro, Dr. Antonio Celidônio Ruette, membro da Academia Itapirense de Letras e diretor proprietário das empresas: Agro-Pecuária e Imobiliária Porto Ruette em Viradouro; Agro-Pecuária de Cachoeira; Usina de Açúcar e Álcool e Energia, em Paraíso (SP), Usina de Açúcar e Álcool Monterey, em Ubarana (SP) e Usina de Açúcar e Álcool Lambari, no município de Bebedouro (SP).

Como se vê, um agrupamento de personagens da esfera econômica voltado para a cultura que se debruça sobre Campinas, impelido pelo prestígio granjeado pela ACL sob a presidência de Agostinho Tavolaro, evidenciando uma atuação que transborda dos lindes municipais para projetar nacionalmente a experiência cultural do município.

Essa é a razão que leva o notável presidente a assumir, na Capital, mais um encargo acadêmico : o de ocupante da cadeira de nº 38 da Academia Paulista de História. E o fará sob o compromisso formal de manter a tradição campinense No tradicional sodalício bandeirante. Vai suceder na curul a outro grande nome das letras citadinas, o historiador Odilon Nogueira de Matos, que honrou também a mesma cátedra.

Com um currículo de alcance internacional, o novo acadêmico da APH acumula em sua trajetória uma soma imensurável de realizações em favor do coletivo com a incomum virtude de nunca ter-se deixado picar pela mosca azul da política partidária que tantas vezes leva o homem a olhar apenas para próprio umbigo, ignorando a causa humana como valor intrínseco da sociedade. Essa é razão que, para assistir a posse do novo acadêmico, levará, nesta data, a São Paulo, um contingente de admiradores para lhe afirmar o quanto é meritório para Campinas vê-lo entre os representantes da cidade no honorável silogeo de História.

* Rubem Costa é escritor e membro da Academia Campinense de Letras.

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