sexta-feira, 20 de abril de 2012







Saga de Kassandra Emanuelle

* Por Eduardo Oliveira Freire


A jovem Kassandra Emanuelle dormia na enorme cama de casal. Sonhava com Pierre. Estavam felizes bebendo champanhe em taças de cristal. Beijavam-se ardentemente. Colocava o travesseiro de plumas entre suas coxas. De repente, uma leoa avançou em Pierre. Estavam passando férias na África. A leoa esmagava o crânio do jovem. Kassandra Emanuelle chorava e continuava a esfregar o travesseiro de plumas na sua vagina. A dor da perda e o desejo de satisfazer suas entranhas se misturavam. Sentia culpa e fome. Pierre beijava-a toda, conhecia cada fragmento de seu corpo. A leoa desfigurou o rosto de Pierre, Kassandra Emanuelle de joelhos no chão urrava de dor. No quarto escuro, um grito de prazer e de angústia surge. A moça ficara na posição fetal. A bá entra no quarto, abriu as cortinas. O sol e o canto dos pássaros adentraram no aposento.

- Não bá, desejo viver na escuridão profunda.

- Criança, precisa arejar seus pensamentos, olha como o dia está bonito.

A moça foi à janela. Seu corpo se estremeceu. Viu o filho do jardineiro, um rapaz forte e manco. Os pensamentos dela ficaram um caos e seu corpo trêmulo. Depois do café da manhã, Kassandra Emanuelle passeou pelo jardim...

***

– Alô? Bruno.
– Pai, pode me dar uma ajuda na aula de literatura, senão, vou levar pau.

– Porra, Bruno, estou escrevendo um texto pra revista, tenho que entregar amanhã!

– Mas se eu ficar reprovado é você que vai ter o dinheiro jogado fora.

– Tá bom, vem hoje à tarde. De noite, termino esta merda de texto.


***

Kassandra Emanuelle encontrou o filho do jardineiro cavando... Ela lambeu os lábios ao olhar os braços fortes do jovem. Instintivamente, puxou conversa:
- Oi, você tem jeito com a terra e as plantas. Qual é o seu nome?

- Meu nome, senhora Kassandra Emanuelle, é Vladimir...


***

– Alô?

– Flávio! Quando vai me pagar o dinheiro que emprestei!!!

– Não me pressione. Tenho que acabar um texto. Depois a gente se fala.

– Acho bom mesmo!!!


***


Estava nua perante o espelho, que fora de sua bisavó. A porta se abriu. Escutava uma respiração ofegante e sentia um leve aroma de suor. Continuou a olhar o espelho secular. A imagem de Vladimir apareceu, suas mãos rudes e grandes tocaram todo seu corpo. Levou um susto ao ver o mastro gigantesco do amante, mas, estava preparada para aguentá-lo, mesmo que a rasgasse e morresse de hemorragia. Teria a mesma morte que seu amado Pierre, uma besta a despedaçaria também...


***


– Alô?

– Flávio, se esqueceu de mim? Estou com saudade, meu tigrão.

– Minha docinho de leite, preciso trabalhar. Estou cheio de dívidas, quando terminar, a gente vai fazer vucuvucu gostoso.

– Comprei aquela calcinha de rendinha preta que você adora.

– Oba! A gente se fala depois.


***


Kassandra Emanuelle urra, sentiu-se uma cadela no cio. Vladimir a possuía ferozmente. A velha bá no início se assustara, depois, agachou-se atrás da porta para ver no buraco da fechadura. Ficou tão excitada que começou a se masturbar. A sua velha genitália nunca ficara tão melada, nem mesmo com os dias de glórias de seu falecido marido Jacinto. Na madrugada adentro no antigo casarão, gritos, gemidos e sussurros ecoavam por todos os cantos...


***

– Alô?

– Oi filho, me leva à missa no Domingo. Sua irmã não pode. Você há muito tempo não me visita.

– Te levo à missa sim, depois a gente se fala.


***


Na manhã seguinte, todos fingem que nada acontecera. Kassandra Emanuelle e Vladimir se embrenhavam no bosque. Faziam tanto barulhos que os animeis silvestres fugiam com medo, iam para bem longe. O império do prazer reinava...


***


– Alô?

– Oi sou a Mafalda do apartamento 208.

– Sim.

– Por que você só escreve pornografia? Quando li um livro seu, passei mal.

– Dona Mafalda, então não lê meus livros. Desculpa. Estou cheio de coisa pra fazer.


***


Kassandra Emanuelle apaixonara-se por Vladimir. Ela teve vergonha, é uma condessa. Decidira fugir para Paris junto com a velha bá. Todavia, Vladimir juntou algumas economias e foi ao seu encontro. Ninguém pode fugir dos caminhos tortuosos da paixão. A saga de Kassandra Emanuelle continua...


***

– Alô...

* Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, com Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor

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