terça-feira, 24 de abril de 2012



Atualização


* Por Evelyne Furtado

Passou uma manhã, uma tarde, uma noite. Passou um mês, dois, três. Passou alguém na calçada. Passou uma vida na estrada. Passou uma mão pela face. Passou uma safra de dúvidas para outra semear. Passou dor. Não passou o calor.



Passou pelos dias cansada. Passou páginas e páginas. Passou sombra nas pálpebras. Passou blush na agonia. Passou de menina a mulher. Passou, também, com alegria. Passou aos tropeços. Passou.



Passou os olhos no mar. Passou dias a sonhar. Passou madrugadas a esperar. Passou a mão pelos pés. Passou aflição, deslumbramento, desilusão. Passou na igreja. Passou com fé. Passou (menos que ouviu) sermão.



Passou o desespero. Passou um navio de ilusão. Passou o verão. Passou o que tinha que passar. Passou a menos esperar. Passou à nova forma de pensar. Passou o vento nas costas. Passou um barquinho. Passou tão rápido. Passou, às vezes, devagarinho. Passou com carinho.

• Poetisa e cronista de Natal/RN

Um comentário:

  1. Um momento de constatação. O que não passou foi a saudade do que passou. Um lindo poema em prosa, Evelyne.

    ResponderExcluir