sexta-feira, 30 de março de 2012




Protegendo o inimigo

* Por Guilherme Scalzili

Denzel Washington repete a composição eficaz dos filmes com Tony Scott (“Chamas da Vingança”, etc), cuja influência aqui chega a desconcertar. Até os assistentes do jovem diretor sueco Daniel Espinosa são assíduos colaboradores de Scott. Mas é na estilização visual que essa referência ganha contornos de homenagem.

O fotógrafo Paul Cameron (que vem de ótimos trabalhos na “Trilogia Bourne”) registra a ação com notável destreza. Mas exagera na climatização glamorosa, de cores predominantes, película granulada e altos contrastes. O resultado, de uma dramaticidade meio barroca, parece gratuito.

Uma diversão à parte é imaginar os instrumentos a que Cameron teria recorrido para criar tais efeitos. Meu palpite: um filme “rápido” (mais sensível), filtros de correção que subtraem alguns tons (azuis, na seqüência do clímax, daí os céus ficarem quase brancos e tudo resultar dourado) e fontes duras de luz, com poucas compensações nas sombras.

Novamente, escolhas infelizes na distribuição dos papéis ajudam a tirar boa parte da surpresa final do enredo. Não que faça alguma diferença, evidentemente.

*Jornalista e escritor, autor dos livros “O colar da Carol ta na grama”, “A colina da Providência”, “Pantomima”, “Acrimônia” e “Crisálida”.

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