sexta-feira, 23 de março de 2012







Pílulas literárias 114

* Por Eduardo Oliveira Freire

QUEM É MEU PAI?
Sua mãe sempre dizia que era filho do personagem principal de um filme, não do ator. Ele resolveu esclarecer a situação. Pediu um teste de DNA do roteiro, o exame comprovou a paternidade. Entretanto, os juristas não sabem quem deve se responsabilizar pela paternidade: O roteirista ou a figura dramática.

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NEURA

Sonhava com uma mulher-cobra e se excitava. Mas, tinha vergonha, na cultura em que vivia o animal era símbolo fálico. Um dia, leu por acaso o mito de Lilith.

A primeira mulher criada por Deus junto com Adão, que o abandonou, afastando-se do Jardim do Éden. Depois, a ser descrita como um demônio que em forma de serpente seduziu Adão e Eva a comerem a maçã.

Sentiu-se mais leve e mais relaxado.

“ Sonho com ela...”

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ESVAZIAMENTO

Ela está fora de si pintando um quadro. Ódio, frustração, orgulho, inveja e ira se diluem com as tintas. Terminada a obra, cai no sono e nem percebe que alguém sai do ateliê.

A pintora acorda cansada, mas feliz por sentir paz. Está no ateliê desarrumado. Tenta se lembrar do que aconteceu na noite passada, mas só se lembra de sonhar com uma caçadora que sai de um quadro. Resolve viajar à casa de campo para dar um tempo. Antes de sair, joga o retrato de um homem no lixo.

***

Prepara o café, e lê várias mensagens no celular. “ Está louca... Acabou...”. Uma flecha o perfura. A mulher que passou a noite ao seu lado encontra o corpo dele na cozinha e pela janela vê uma caçadora.


* Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, com Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor

Um comentário:

  1. Um mix ao mesmo tempo perfeito e desapontador entre ficção e realidade, mito e vida. No final tudo deu certo, ou não. O caso do DNA ficou muito bom.

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