terça-feira, 24 de janeiro de 2012







Maresia

* Por Talis Andrade

Em Olinda liberdade
tem cheiro caseiro
de banho de cheiro
O gosto de sal na pele
o cheiro de mulher
saindo dos mares
Daí o gosto de liberdade
nos ares nos bares

A liberdade
de subir as ladeiras
para conversar
com os deuses
nas igrejas
e incorporar os santos
nos terreiros

A liberdade
de descer as ladeiras
o corpo a frever
A liberdade de ser
um arcano
um papangu
um arlequim
a roupa de remendos
- triangulares pedaços
de pano -
a alma irresoluta e incoerente
A liberdade de ser
a burrinha do bumba-meu-boi
pândego centauro o corpo
um cabo de vassoura de bruxa
para seduzir as meninas-moças
desencantadas para o sexo
nas brincantes noites de reisado

Em Olinda a liberdade
de transformar a fantasia
em fugaz realidade


(Do livro “Vinho Encantado”)

* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).

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