sexta-feira, 27 de janeiro de 2012







Clonagem

* Por Flora Figueiredo

Aquietei minha tristeza nos seus olhos,
amansei minha pressa no seu tempo,
apoiei meu sonho em seu pensamento.

Minha fantasia pendurada no seu peito,
minha vontade apoiada em seu direito,
pintei meu perfil em sua identidade.

Desliguei o minuto
que é para saber se porventura escuto
as fibras do meu coração em desalinho;
depositei em suas mãos meu abandono.
Seu clone, seu sangue, seu carbono,
desenrolei debaixo dos seus passos meu caminho.

(Livro “Chão de Vento” )

• Poetisa, cronista, compositora e tradutora, autora de “O trem que traz a noite”, “Chão de vento”, “Calçada de verão”, “Limão Rosa”, “Amor a céu aberto” e “Florescência”; rima, ritmo e bom-humor são características da sua poesia. Deixa evidente sua intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com vitalidade e graça - às vezes romântica, às vezes irreverente e turbulenta. Sempre dentro de uma linguagem concisa e simples, plena de sutileza verbal, seus poemas são como um mergulho profundo nas águas da vida.

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