sexta-feira, 19 de agosto de 2011




Eu escrevo


* Por Fabiana Bórgia

O que eu sei é muito pouco.
Escrevo alguns impulsos, algumas incertezas, poucas vivências.
Na verdade, escrevo o que eu não sei, "na esperança de".
Escrevo o que procuro sem saber.
Escrevo para não me perder.
Ou para encontrar parte de mim: o que já não sou.
Escrevo para tentar achar explicação para a inexatidão da vida.
Para resgatar o tempo.
As lembranças esquecidas.
Escrevo para buscar meus tempos de menina, quando eu ainda não havia sofrido.
Escrevo para reencontrar a pureza, aquela que a gente ama de forma implícita.
Escrevo para voltar a um tempo que não existe.
Escrevo para ser criança de colo.
Escrevo apenas para sentir.
Escrevo para retomar o passado como presente.
Fazer futuro de algo inexistente.
Escrevo para escrever de novo.
E de novo.
E outra vez.
Até recriar.
Escrevo para tornar o impossível possível por míseros instantes.
Como se fosse possível sobreviver à própria morte.
Escrevo para trazer de volta os que se foram e os que estão vivos.
Escrevo para congelar neste espaço nada estático o que eu chamo de lembrança.
Escrevo para continuar... existindo.
Eu estou: aqui.

• Escritora por vocação e advogada por formação. Paulista por natureza e carioca por estado de espírito. Engenheira de sonhos: alguém em eterna construção. Autora do livro “Traços de Personalidade”

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