sexta-feira, 27 de maio de 2011



Painel de ideias e de culturas

O
Prêmio Príncipe das Astúrias de Letras e um dos mais cobiçados e prestigiosos, dos tantos que há mundo afora. É sumamente democrático e aceita a candidatura de todos os escritores, independente de sua nacionalidade ou do idioma em que produzam suas obras, desde que satisfaçam suas únicas condições, ou seja, “cujo trabalho de criação ou de pesquisa represente uma contribuição relevante à cultura universal nos campos da literatura e da lingüística”.
Dos vários prêmios literários de que tenho conhecimento, este é um dos que têm mais amplo caráter internacional. Seu âmbito de abrangência é, virtualmente, ilimitado, o mundo. Provavelmente, nesse aspecto, seja superado, apenas, pelo Nobel de Literatura. Trata-se, pois, de um prêmio que qualquer escritor de sucesso gostaria de incluir em seu currículo, pelo prestígio que dá.
Para que vocês tenham uma idéia de sua abrangência, a edição de 2011 contará, conforme leio num despacho da agência de notícias espanhola EFE, com 32 candidatos. Até aí, nada de mais. Há prêmios com número superior de candidaturas. O que chama a atenção, todavia, é o fato desses postulantes procederem de 25 países diferentes, de todos os continentes.
As localidades representadas são: Argentina, Áustria, Austrália, Bósnia, Brasil, Canadá, Cuba, Chile, China, Estados Unidos, França, Guatemala, Grécia, Holanda, Irã, Itália, Líbano, Macedônia, México, Portugal, Reino Unido, Romênia, República Checa, África do Sul e Espanha.
Como se vê, os 19 juradoa terão pela frente uma tarefa digna dos “doze trabalhos de Hércules”. Têm, diante de si, um painel das principais tendências literárias do mundo na atualidade, com imensa variedade de idéias, costumes, tradições, estilos, personagens, enredos e formas de expressão os mais variados e complexos possíveis. Lendo as obras dos escritores candidatos, teríamos um painel praticamente completo do panorama literário mundial de hoje. É uma tarefa complexa, não restam dúvidas, no entanto, fascinante.
Para um julgamento que envolve tamanha multiplicidade, que, neste caso, é, sobretudo, subjetivo, o júri conta com escritores, jornalistas, professores de literatura, críticos literários e até mesmo um empresário, no caso um banqueiro. Creio que a mescla foi inteligente e suficientemente variada. Este, no meu entender, é um tipo de disputa em que não há vencedores e nem vencidos. Claro que o objetivo de todos os candidatos é o de obter o prêmio máximo. Mas só o fato de participar de uma premiação de tamanha envergadura e abrangência já é um ponto positivo para todos os 32, para enriquecerem seus respectivos currículos.
O ganhador do prêmio em 2010 foi Amin Maalouf, escritor e jornalista (mantendo a tradição da nossa profissão de produzir excelentes autores de ficção) libanês, ex-che de redação da prestigiosa e reputada revista “Jeune Afrique”, autor de vários livros de sucesso, como “Leão, o africano”, “Samarcanda”, “Os jardins da luz”, “O périplo de Baldassera”, “Origens” e “O amor de longe”, entre outros.
Além de literatura (com os 32 candidatos de 25 países), o Prêmio Príncipe das Astúrias, promovido pelo Instituto de mesmo nome, em homenagem ao herdeiro da coroa espanhola, tem, também, as seguintes premiações, igualmente atribuídas a cada ano, desde 1983: Artes, Comunicação e Humanidades, Cooperação Internacional, Ciências Sociais, Esportes, Pesquisa científica e Técnica e Concórdia.
A literatura brasileira, ao contrário do que ocorre com o Prêmio Nobel, já foi contemplada, o que atesta sua inegável qualidade e a alta criatividade dos nossos escritores. Quem ganhou essa premiação para o Brasil foi a imortal da Academia Brasileira de Letras, entidade que já chegou a presidir, a carioca Nélida Piñon, em 2005. Como se vê, fomos otimamente representados.
Entre os nomes mais famosos, que já ganharam esse prêmio, estão alguns ganhadores do Nobel. Os que chamam mais a atenção são: Juan Rulfo (1983), Mário Vargas Llosa (1986, junto com Rafael Lapusa), Camilo José Cela (1987), Carlos Fuentes (1994), Doris Lessing (2001), Arthur Miller (2002), Susan Sontag (2003, junto com Fatama Memissi), Paul Auster (2006), Amos Oz (2007) e Ismail Kadaré (2009).
Aos vencedores, em todas as categorias, é oferecida, anualmente, uma escultura do magnífico e genial artista catalão Joan Miró. Estarei atento, estejam certos, ao resultado, notadamente da categoria Literatura (a “nossa praia) e torcendo, sem dúvida alguma, pelo sucesso do representante brasileiro (que infelizmente não consegui apurar quem é).

Boa leitura.

O Editor.




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