terça-feira, 29 de março de 2011



Da purificação


* Por Talis Andrade


Corre nua

na chuva

nua na noite

corre sem parar

deixa a água

escorrer

pelo teu corpo

deixa a água

escorrer


Corre nua

meia-lua

meia-irmã

atravessa a coluna

amarga

sem olhar

para trás

que não se oferece

presentes

doces sementes

de romã

para uma estátua

de sal


Segue em frente

em algum abrigo

uma mão estendida

um portal amigo

a lareira acesa

o pão quentinho

o suave vinho

o lençol branco

do mais puro linho


Segue em frente

leva contigo

esta certeza

uma cama partilhada

nunca se faz estreita


Corre nua

na chuva

nua na noite

corre sem parar

deixa a água escorrer

deixa a água lavar os pecados do mundo


* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).

Um comentário:

  1. Dizem que a chuva lava a alma.
    Eu acrescento o vento, que varre
    a culpa.
    Lindo poema.
    Abraços

    ResponderExcluir