quarta-feira, 19 de janeiro de 2011




Convicções



* Por Fabiana Bórgia

Não suporto pessoas que se acham conhecedoras de grandes certezas apenas por conta do que leram. Penso que é importante experimentar a própria certeza, colocar-se à prova, antes de tudo. Penso que é necessário ler, reler, constatar, entrar no universo alheio, antes de querer demonstrar teoria. Antes de pensar ser conhecedor da vida...

Conhecedor da vida? Do mundo? Que arrogância é esta?! Aliás, hoje eu contesto minhas próprias convicções. Nada é tão perigoso na vida quanto às convicções. Sustentar um ponto de vista, acreditar no certo ou no errado, experimentar histórias, tirar as próprias conclusões, são atitudes que vão além das meras convicções.

Tenho várias coisas "entaladas" que tenho vontade de dizer. Normalmente, eu digo tudo o que eu sinto. Tudo o que eu penso. Sem ter que ferir. Mas vale a pena? De vez em quando, nada melhor do que fingir de morto. Fingir que não entendeu um comentário, uma piada sem graça, um gesto indevido, para poder ser justo.

Às vezes, nada melhor do que deixar entrar por um ouvido e sair pelo outro, como muitos gostam de fazer. O que me causa desconforto e angústia é ter que conviver com gente deste tipo... Para isso, não há remédio.

Convicções são pensamentos nulos, fanatismos, fantasmas. Convicções não têm estruturas. Prefiro a dúvida, a ignorância, a humildade, a qualquer convicção. Afinal, a convicção está congelada no tempo. A dúvida prova que somos provisórios. É a dúvida que constata a evolução. Sempre há algo mais, que não sabemos.

• Escritora por vocação e advogada por formação. Paulista por natureza e carioca por estado de espírito. Engenheira de sonhos: alguém em eterna construção. Autora do livro “Traços de Personalidade”

Um comentário:

  1. Talvez a única convicção que eu tenha
    é a de que vou morrer "buscando"...bem
    tomara.
    Abraços

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