sábado, 29 de janeiro de 2011


Carlos Pena Filho: 50 anos de memória

* Por Luiz Carlos Monteiro

Encerrou-se no dia 16 de janeiro último a exposição Carlos Pena Filho: 50 anos de memória. Passaram pelo Santander Cultural cerca de 10.000 pessoas, para apreciar esculturas, pinturas, painéis fotográficos, livros e objetos pessoais do poeta morto precoce e tragicamente. A exposição, promovida pelo governo do estado e executada pela agência publicitária Atma Promo, abrigou eventos paralelos, como a realização de quatro mesas-redondas sobre a obra de Carlos Pena e a visitação de alunos de ensino médio, que dispuseram de apresentação teatral e musical curtas e simultâneas.

As mesas-redondas, todas com a nossa mediação, ocorreram no intervalo de tempo entre os dias 30 de novembro de 2010 e 12 de janeiro de 2011. Na primeira delas, com as palestras irreverentes e bem-humoradas de Ângelo Monteiro e Paulo Gustavo, discutiu-se o lirismo em Carlos Pena Filho como uma das tendências mais fortes e características de sua poesia. A segunda mesa, contando com Marcus Accioly, Irma Chaves e Homero Fonseca, ressaltou a poesia participante de Pena Filho no seu livro Nordesterro, como uma escrita que tematiza de preferência o mundo rural pernambucano em suas vertentes ideológicas e sociais.

No terceiro encontro, os expositores Carlos Newton Júnior e Marco Polo Guimarães dedicaram-se a analisar como a pintura influenciou a obra do poeta de Cinco aparições. Certa empatia com as artes plásticas aparece referencialmente em poemas e sonetos que escreveu, desdobrando-se na ocorrência de cores e paisagens de feitio local ou universal. Aparece ainda, de modo sintomático, na sua forte relação de amizade com pintores do Recife e de Olinda. Além do mais, a pintura já se fazia presente em sua própria casa, sabendo-se que ele foi casado com a artista plástica Tânia Carneiro Leão.

A conversa final teve a participação de Cida Pedrosa e Marcelo Pereira, enfocando o Guia prático da cidade do Recife. Cida Pedrosa recitou trechos do Guia prático, voltando-se mais para a boemia recifense a partir dos anos 1980. Já Marcelo Pereira estabeleceu elos entre a década de 1950 e os dias atuais em termos de configuração urbana e histórica da cidade. O fato é que conseguimos, apesar de todos os contratempos que envolvem hoje os eventos culturais, realizar satisfatoriamente e com afluência de público, a manutenção da memória viva de Carlos Pena Filho no cerne destes quatro encontros.

(Diário de Pernambuco, 28 de janeiro de 2011).

* Poeta, crítico literário e ensaísta, blog www.omundocircundande.blogspot.com

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