terça-feira, 23 de novembro de 2010




Cadáveres deixam rastros

* Por Talis Andrade

As flores selvagens
os lípsicos e gerânios
os lírios nos campos
encobrem sagrados
perfumados túmulos
encantados túmulos
jamais se abrirão
Nas valas comuns
permanecem invisíveis
as virgens estupradas
Mães operárias
mães camponesas
nutrem com suas carnes
a terra estéril
No ventre d'Espanha
grávida da morte
os corpos dos guerreiros
que não se renderam
Em cada sepultura
sem campa
nas serras e vales
nos montes gelados
no lodo dos lagos
na fonte de lágrimas
os mortos anônimos
lembram os crimes
do generalíssimo Franco

(Do livro inédito “Selos do Apocalipse”)




* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).

2 comentários:

  1. Que a memória não se perca...
    Parabéns Talis.
    Abraços

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  2. Também aqui, Talis, há inúmeros cadáveres escondidos não se sabe onde, enquanto seus familiares clamam por seus corpos desaparecidos.
    Belíssimo poema, Parabéns!

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