terça-feira, 19 de outubro de 2010




Prólogo do livro: "Os Pacientes do Doutor Fróide"



* Por José Calvino de Andrade Lima

Ligado na Internet, José Azambujanra passava praticamente todo o dia em seu escritório. Mais das vezes, tarde da noite, acessava o site do seu grupo na Web. Sempre que possível, freqüentava o sebo da rua da Roda. Desde os tempos de estudante procurava os sebos do Recife. Quanto mais agora, aposentado. Aí, então, tinha tempo de sobra. Mas, o que mais o prendia ao seu escritório era mesmo a Internet, quando se comunicava com o seu grupo. Infelizmente, a sua permanência no grupo começou a dar errado, quando Carmem enviou um e-mail no qual pedia desculpas por ter sido indelicada, achando-se imperdoável, por andar muito estressada, et cétera e tal.Uma semana antes houve um convite de um internauta para um “disparo cósmico”, que iria acontecer no dia 17 de outubro.

O telefone tocou. Foi Azambujanra quem atendeu:

- Alô.
- Doutor Azambujanra?
- É ele.
- Um momentinho, doutor. – disse a secretária do doutor Fróide.
- Olá, Bujanra, aqui é Fróide. Pelo que me consta, Bujanra, a proposta é de nos encontrarmos no dia dezessete, às dezessete horas em frente ao Edifício Acaiaca, na praia de Boa Viagem. Depois, pode até rolar umas louras suadas, que ninguém é de ferro. Vai encarar?
- Como você está sabendo? – perguntou Azambujanra.
- Eu acompanho os meus clientes. Alguns até são seus amigos, Bujanra! Meu mailing, hoje, tem mais de dez mil endereços. Tenho o endereço de todos os meus pacientes, por isso não deixaremos de nos comunicar. Estão pensando que você é ateu. Eu já expliquei que o escritor cria personagens diversos, não tem nada a ver. Esse pessoal deve se cuidar, estão com problemas e sérios. Lendo, estudando e analisando todas as mensagens, cheguei à conclusão de que você está sendo vítima de uma inveja sem procedência.
- Não é o que eu lhe disse?
- Exatamente. Com esse avanço tecnológico da informação, atualmente alguns dos meus clientes são internautas. Estou tratando-os separadamente. Antigamente quando alguns radiotelegrafistas ficavam com problemas psíquicos, misturavam-se com os dependentes químicos. O tratamento era à base de internamentos nos hospitais psiquiátricos. Agora nós temos outros meios: são as fazendas doadas por entidades filantrópicas, que se dedicam ao tratamento e recuperação de drogados.
- Eu lembro. Na Casa de Saúde, mesmo, tinha um colega internado que era radiotelegrafista. Com o uso obrigatório dos fones nos ouvidos, recebendo descargas sonoras, ele ficou com problemas neurológicos. Na época denunciei o Sistema ... – entrecortou dr. Fróide – Se você for omisso em aceitar calado tudo isso, como o nosso Brasil irá reverter esse quadro? Bom, mudando de assunto, como vai o inquérito policial?
- Anda muito confuso, fica difícil... quanto o trintoitão da Carmem, já me comuniquei com os detetives Getúlio e Medeirinho.
- Foram eles que desvendaram o assassinato das estudantes Maria Clara e Thaís Evangelista . – disse doutor Fróide.
- Getúlio e Medeirinho estão checando todas as mensagens do grupo...

O Autor.


* Escritor, poeta e teatrólogo

3 comentários:

  1. Divagaria por aí com o Dr. Fróide
    tranquilamente...
    Parabéns Zé.
    beijos

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  2. El escritor José Calvino escribió el prólogo del libro Os pacientes do doutor Fróid, Calvin mantienen una relación más compleja, inteligente y creativa con cierto humor.
    P A R A B E N S !
    Te dejo un beso muy grande

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  3. Olá queridas!
    Mais uma vez grato pelos seus gentis comentários.
    Tenham uma ótima quarta-feira!
    Bjos

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