segunda-feira, 18 de outubro de 2010







Big casca de banana

* Por Renato Manjaterra




Acompanhei, sempre via as línguas mais cheias de veneno, as coisas sobre aborto que circularam na televisão. Sei, sei o que era. Alguém deve ter querido saber o que a Dilma, e o Serra, defendiam sobre aborto. Esse comportamento típico para mim se chama cascadebananagem.

Puta que o pariu! Quê que você quer que eu responda filho de puta? Foi o que passou na cabeça da Dilma. Sei disso. O Serra deve ter ensaiado uma resposta eficiente com um profissional, e se divertido só em imaginar o que aconteceria com a resposta da Dilma líder.

Não ouvi o que a Dilma disse mas sei o que ela pensa. Eu penso diferente, mas os argumentos da turma da Dilma são sólidos, embasados em ciência, SUS, essas experiências. Os meus são ligados à minha peculiar noção de teologia. O Governo, o Estado nem podem ir por aí.

Outra coisa que eu não preciso nem saber para saber é que o jornalista, ou repórter, enfim, o cascadebananador foi cascadebananar isso na porta de uma Igreja ou na saída de uma reunião com evangélicos. Sério.

De resto, era só mesmo me divertir vendo gente que é contra o aborto descendo a borracha na Dilma porque a Dilma é contra o aborto. Acho que vi também gente que é a favor da legalização do aborto xingando a Dilma de tudo que é nome porque ela decerto não teria sido tão a favor da legalização do aborto quanto deveria ter sido – tem esses psotsul da vida para quê?

Se fosse ao caso analisar o que se fez da resposta da Dilma, que eu não vi, me assustaria com esses caras que escrevem notícias! Parece que escrevem para quem chegou há quatro anos no planeta Terra. Gente que não sabe o que significa o Serra, o que significa Dilma.

Nesse caso não querem é porra nenhuma. Não tem resposta certa pra candidato de coalizão, dessa nova democracia que precisa de cinquenta por cento mais um da banca, que lidera para presidente. É pura cascadebananagem.

Nos dias seguintes vi várias inserções azuis de propagandas do Serra com cenas do stock de algum plano de saúde, de mamães e seus recém nascidos em slow. É claro que não foi só isso, mas essa gota foi a que me convenceu de que eu estou assistindo a campanha eleitoral mais suja da minha vida. Eu que já vi Gigantes do Ringue com Collor, Lurian, supositório de cocaína, Quércia e tudo o que se falou dele, Maluf! Afif! Caiado! Jacó Bittar! Marta x Kassab, Carlão Sampaio e Correiomente contra o Toninho...

E não vem ao caso se alguém da família do Serra fez aborto, de qualquer um ligado ao PSDB. Foda-se! Não quero saber se o Kassab é gay, ou se a Dilma é.
O sujeito pode ser o pica das galáxias que eu quero que ele morra se o projeto dele for recessão, privatizar, e é isso o que me deixa muito puto com a zelite daqui da minha terra, que não vota porque simplesmente nunca vai votar em uma ex-guerrilheira, ou em nenhuma “uma” porque é preconceituoso ou burro e prefere analisar o sorriso do que o que a cabra quer para o Brasil.

O vizinho ‘não gosta da Dilma’ e está ‘que se foda’ se os tucanos vão voltar para tirar o atraso, para mamar descaradamente para compensar esses oito anos de... São Paulo...

* Jornalista e escritor, webdesigner, colunista esportivo, pontepretano de quatro costados, autor do livro “Colinas, Pará” com prefácio do Senador Eduardo Suplicy, bacharel em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUCAMP, blog http://manjaterra.blogspot.com

Um comentário:

  1. Nem uma única vírgula a acrescentar.
    Texto "curto e grosso" e mais claro do
    que isso, impossível.
    P-A-R-A-B-É-N-S.
    Abração Renato

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