quinta-feira, 17 de junho de 2010




O diálogo, ou a falta dele




* Por Fernando Yanmar Narciso


Vivo denunciando que as pessoas não se suportam mais. Relações de respeito, amizade e paixão agora se assemelham às relações da Cosa Nostra siciliana, ou a um faroeste de Sergio Leone, onde a confiança é um pecado capital.




É certo que, às vezes, precisamos inventar alguma coisa pra apimentar nossos relacionamentos para não cair no marasmo, pois como todos sabem, sem intriga não há enredo. Mas ainda vivemos na “era da letrinha miúda”.


Qualquer coisa que digamos, todos insistem em enxergar num contexto totalmente adverso do que pretendíamos, e nos acusam de tudo que é tipo de coisa. De comportamento eufórico para demoníaco, a pessoa só precisa de uma faísca. Viramos termômetros de peru, esperando o momento ideal pra colocar pra fora a cabeça vermelha.




Assim fica impossível até de namorar. Para nossos parceiros, somos o “ursinho de pelúcia” deles. Tudo precisa ser perfeitamente calculado, imaculado e esterilizado quando estamos juntos. Um leve vacilo com a língua e o inferno congela. Não queremos mais ouvir uns aos outros, pois de problemas insuportáveis já nos bastam os nossos.


Essa é a maldita herança da década da supervelocidade..

* Fernando Yanmar Narciso, 26 anos, formado em Design, filho de Mara Narciso, escritor do blog “O Blog do Yanmar”, http://fernandoyanmar.wordpress.com

2 comentários:

  1. "Não ponham palavras em
    minha boca", e às vezes
    nem as abrimos, interpretam
    nosso silêncio como resposta
    e ainda mandam aquela velha
    máxima:
    -Tenho certeza que era isso que estava
    pensando.

    Talvez tenhamos que recorrer às legendas ou
    a tecla sap.
    Ótimo texto.
    Abração

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  2. Há sim, um desvario na concorrência, e em tudo se vê disputa, até onde não há. É preciso dizer a toda hora que não há prêmio algum no páreo, e assim podemos dormir em paz. Ainda que pese esse clima de inimizade, acredito na existência de pessoas que agem de forma altruísta, sem querer nada para si, sendo boa pelo fim de ser boa, e aceitando o outro como ele é. Porém são exceções. Eu acredito no diálogo.

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