terça-feira, 18 de maio de 2010




Maresia

* Por Talis Andrade

Em Olinda liberdade
tem cheiro caseiro
de banho de cheiro
O gosto de sal na pele
o cheiro de mulher
saindo dos mares
Daí o gosto de liberdade
nos ares nos bares

A liberdade
de subir as ladeiras
para conversar
com os deuses
nas igrejas
e incorporar os santos
nos terreiros

A liberdade
de descer as ladeiras
o corpo a frever
A liberdade de ser
um arcano
um papangu
um arlequim
a roupa de remendos
- triangulares pedaços
de pano -
a alma irresoluta e incoerente
A liberdade de ser
a burrinha do bumba-meu-boi
pândego centauro o corpo
um cabo de vassoura de bruxa
para seduzir as meninas-moças
desencantadas para o sexo
nas brincantes noites de reisado

Em Olinda a liberdade
de transformar a fantasia
em fugaz realidade

(Do livro “Vinho Encantado”)


* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).

6 comentários:

  1. Magia, sedução...
    Essa terra é encantada?
    Bela poesia Talis.
    Abraços

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  2. Belo poema, Talis. Recriação de Olinda, do cheiro, do céu, da seiva. do húmus.

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  3. Olinda, ladeiras de pedra...
    mangueira nos quintais,
    luz e mar. Recife tão perto.
    Bela poesia, Talis.
    Abração do,
    José Calvino
    RecifeOlinda

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  4. Ah...Terra que eu amo. E este poema é como se eu andasse descalça por essas ruas, para sentir a verdade dessa terra me entrando pelos pés. Faz isso comigo não, Tális. Estou tão longe...
    Beijos

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  5. Talis, amigo velho, há tempos não consigo contato com você. Preciso fazer chegar às suas mãos um questionário, do qual extrairei uma entrevista com esse magnífico poeta que você é, e que o Brasil vai aprender a admirar. E parabéns pelos seus versos candentes e vigorosos.

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  6. Oi gente, a bondade de vocês me comove. Oi, Pedro, sou tão encabulado para essas coisas de entrevistas...

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