domingo, 18 de abril de 2010




Se...

* Por Rudyard Kipling

Se és capaz de manter a tua calma quando
todo o mundo em redor já a perdeu e te culpa,

de crer em ti quando estão todos duvidando
e para esses, no entanto, achar uma desculpa;

se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso.

Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso;

se és capaz de pensar – sem que a isso te atires;
de sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores;

se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires
tratar da mesma forma a esses dois impostores;

se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
em armadilhas as verdades que disseste

e as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste;

se és capaz de arriscar numa única parada
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,

e perder e, ao perder, sem nunca dizeres nada,
resignado, tornar ao ponto de partida;

de forçar o coração, nervos, músculos, tudo
a dar seja o que for que neles ainda existe,

e a persistir assim quando, exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que ainda ordena: persiste!

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes;
e, entre reis, não perder a naturalidade

e de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes;
se a todos podes ser de alguma utilidade;

e se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo o valor e brilho,

tua é a terra como tudo o que existe no mundo,
e – o que ainda é muito mais –, és um homem, meu filho!

(Tradução de Guilherme de Almeida).

* Jornalista e escritor britânico, nascido em Bombaim, na Índia. É tido como principal representante da literatura imperialista. Ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 1907.

Um comentário:

  1. Engraçado...li esse texto ontem.
    E o associo ao texto do Pedro.
    Ser capaz de levantar a cabeça
    e mantê-la erguida, não por orgulho
    mas, simplesmente por ter fé na vida.

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