terça-feira, 27 de abril de 2010




Do que não sei

* Por Evelyne Furtado

Até onde vai minha ignorância? Simplesmente não sei dizer. Mas sei que ela dá voltas em meus conhecimentos. Saber que não sei quase nada, no exato momento em que descubro, causa-me constrangimento e mesmo uma leve angústia. Ter consciência de que há uma enormidade de coisas que jamais saberei é saber-me limitada.

É difícil confrontar meus limites! Mas os sentimentos ruins passam. É prazeroso demais saber que há muito que aprender para que eu perca tempo me lamentando. A experiência do aprendizado é mágica em qualquer fase da vida. Não lembro o que senti ao ler a primeira palavra, porém dou conta da minha alegria ao conhecer um autor, encontrar uma palavra até ontem desconhecida, aprender um conceito novo, descobrir uma paisagem diferente.

Não sei nem mesmo onde vão meus sentimentos. A cada olhar me redescubro, aprendo e cresço percebendo que ainda tenho muito que crescer. Hoje o novo para mim é um poeta novinho em seus noventa e poucos anos. Bebo suas palavras cheias de imagens, de sons, de terra e de graça. Lia aqui e ali algumas iluminações de Manoel de Barros, mas só agora tenho um livro seu entre as mãos.

“Um girassol se apropriou de Deus: foi em Van Gogh". Pois! Do muito que não sei, escolho esse verso do poeta do Pantanal, para aprender um pouco mais e bêbada da novidade me despeço.

* Poetisa e cronista de Nastal/RN

3 comentários:

  1. Nas suas palavras
    soam como magia.
    Lindo texto.
    Beijos

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  2. Evelyne,
    Também me deprime a verdade de que, se tiver o dia todo daqui em diante e viver até os 150 anos, talvez consiga tomar contato com 0,0000000001 do que gostaria de conhecer. Vasta ignorância. Fiquemos pois com Manoel de Barros - fantástico poeta - e sua sabedoria. E com este seu belo texto, verdadeiro e inspirador. Um beijo.

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  3. A psicologia está abrindo janelas para o mar de Natal, assim como esse novo poeta abre portas para você. Adentrar novos ramos de conhecimento causa espanto e prazer. Que vivamos todos nós!

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