terça-feira, 23 de março de 2010




Refazendo

* Por Evelyne Furtado

A cabeça percorreu caminhos tortuosos. A alma acompanhou o labirinto. Veredas e torreões. Sol entre as nuvens. Breu e clarão. Pausas para se recuperar. Ímpetos a chamá-la. Sentimentos desorganizados: Dor, conforto, aflição, esperança. Tudo lá.

O novo emergindo em conflito com o estabelecido. Sinapses e o corpo sacudindo na colisão. A bússola apontando nortes incompatíveis com a bagagem de mão. Toda calma para separar o que é essencial do que pode ser deixado para trás: O obsoleto do atemporal.

Largar o que não mais tem utilidade. Acrescentar o novo indispensável. Nas mãos esconde um pouco de ilusão entre as verdades. Não dá para prosseguir – ainda – sem elas.

Revê e sente o passado. Tenta e desiste de adivinhar o futuro. No presente contabiliza perdas e ganhos. Longo suspiro! Outra mulher? Não em essência. Refaz-se para continuar. Vê-se melhor e enxerga a vida com mais acuidade. Em meio a um resto da confusão, a certeza que lá fora faz um dia bom!

* Poetisa e cronista de Natal/RN

4 comentários:

  1. Pelos inúmeros exemplos de superação
    que vemos por aí, refazer é um verbo
    para ser conjugado todos os dias
    Beijos

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  2. As vidas são mais parecidas que diferentes. Há um ressurgir permanente diante da cada perda. Sendo biográfico, só posso acreditar que as suas reinvenções de si mesma encontram estímulos no mar e no sol, e nós, aqui no meio do sertão podemos beber nas suas letras. Aí em Natal há o banquete da beleza natural, e aqui no Literário banqueteamos palavras.

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  3. Esta tortuosa refazenda, tão dolorosa e tão necessária. Um limpar de gavetas de que ninguém escapa, e que você tão bem soube traduzir. Parabéns, Evelyne.

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  4. Sim,Evelyne, há sempre um lindo dia de sol após a tempestade. É esta certea que nos leva a resistir,a aguentar as tempestades.Belo texto, parabéns!
    Beijos

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