segunda-feira, 29 de março de 2010




O tempo e o vento

* Por Aliene Coutinho

Olho através da janela
O tempo que corre com o vento.
Ele passa assobiando
Em meus ouvidos...
Ligeiro.
Tem pressa e não consigo
Acompanhá-lo.
Meu olhar, manso, se deixa
Aprisionar nas folhas que caem,
Nos papéis jogados no chão
Que são levados e criam
Redemoinhos.
Ele vira rápido na esquina,
Escuto de longe meu nome.
O tempo me chama.
Em seu galope arrasta o que
Encontra pelo caminho,
Rebocos de parede, cascas das árvores,
Paus e pedras.
Eu resisto.
Luto contra o tempo
Seguro com força o minuto presente.
Acorrento-me ao que estiver mais perto.
E ele montado, agora em súbita ventania,
Faz uma reviravolta,
Arranca minha alma
E deixa meu corpo inerte no chão.

* Jornalista e professora de Telejornalismo

3 comentários:

  1. O tempo a gente tenta driblar.
    O vento...esse nos tira do chão
    varrendo a apatia.
    Bela poesia.
    Parabéns.
    Abraços

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  2. Acorrentar-se em algo que está perto para segurar o momento presente: uma maneira engenhosa de fixar as coisas boas. Quanto às ruins, é melhor deixar o tempo levá-las. Ele é um bom amigo, embora pareça que não.

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  3. Linda poesia,Aliene. Realmente, o tempo passa por nós como ventania, e vai arrastando tudo...
    Parabéns!
    Beijos

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