quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010




Com vocês, Walderley Camargo

* Por Marcelo Sguassábia

- Walderley Camargo é WC. Só podia dar merda...
- Do jeito que você fala, parece que a culpa é só minha. Se tem um culpado nessa história é o Dezão da rádio. Ele jurou que o besta era um arrasa-quarteirão, que juntava 20, 30 mil na praça facinho e sem propaganda nenhuma.
- E o cara, além de não vender ingresso, ainda pendurou um monte de despesas no nosso nome. Era tudo o que a gente precisava, começar o ano na lista do Serasa. O pior é a desproporção – os extras dão quase quatro vezes o valor dos cachês.
- É, mas isso não tem jeito, estava no contrato. A gente sabia desde o começo que era R$ 750 do cachê do Walderley, R$ 230 dos músicos mais as despesas de hotel e alimentação.
- Fora o pedágio, que de Presidente Epitácio até aqui deu mais do que a bilheteria toda. Tamo na roça, mano. E tem o aluguel do ginásio de esportes, mais 12 copinhos de água Prata, mais uma caixinha de tic-tac, mais uma dose de Fernet com mel, mais cinco marmitex do Skinão da Costela... de onde é que vai sair o dinheiro?
- Estaria bom se a coisa parasse por aí. Diz que o Walderley levou uma diarista pra dentro da Variant dele e fez o serviço na pobre, assim que acabou o show. Agora a mulher anda dizendo que está grávida e que assim que a criança nascer vai fazer o exame de paternidade pra provar que o Wal é o pai dela.
- Perda de tempo. Vai exigir o que daquele sujeito? Alguém tem que falar pra ela que metade de nada é nada...
- Negócio tá sério, Mano. Daqui a pouco chega intimação do delegado no escritório, decerto a gente vai ter que depor sobre o caso.
- Walderley Camargo, clone do Wanderley Cardoso... onde é que a gente estava com a cabeça, meu Deus do céu? Até o Lindomar Castilho Cover era melhor que isso.
- A gente quase escolheu o show do Herondilson, lembra? Primo-irmão do Herondi, aquele da dupla.
- Então, mas ainda se a Jane viesse junto. Ou a prima-irmã dela, que fosse. Ficava o parzinho, né.
- Mas foi aí que a gente se ferrou. Miopia de marketing, mano. Olha só: Wanderley Cardoso, Lindomar Castilho, Jane & Herondi, esse povo aí tá animando baile no retiro dos artistas. Quem curtiu essa turma é tudo vovó, que não sai mais de casa por causa do reumatismo. Por isso é que estava baratinho. Vai ver quanto é que custa a Ivete Sangalo, vai lá ver...
- O jeito vai ser passar o mico pra frente. Apareceu credor a gente manda pro Dezão, não foi ele que fez a gente trazer esse bosta pra cá?
- E com certeza ainda levou bola do cara. Dos setecentos e cinquenta do cachê, uns quinzinho o Walderley separou pra ele.
- Daí pra mais.
- É, daí pra mais.
- Da próxima vez, se houver próxima, a gente tem que investir na certeza. Eu por mim trazia o “Indicador”. É tudo ao vivo, não tem nada de playback, e os caras ainda trazem umas quinze menininhas de perna de fora, mais gelo seco, canhão de luz igual o do Orlando Orfei, globo espelhado. Superprodução, mano, até ônibus os caras têm.
- Tá vendo só, se deixa você já apronta outra besteira. “Indicador”, o cover do “Polegar”? Tenha dó, meu. Eu vou interditar você, mano, você solto na praça é uma ameaça à economia popular.
- Mas esse não tem erro, vai por mim. E com a grana que der a gente cobre o prejú do Walderley. Aí pronto, a coisa entra no eixo de novo. Melhor negócio que isso, só abrindo um xerox do lado do Fórum. Heim, que me diz, heim???

* Redator publicitário há mais de 20 anos, cronista de várias revistas eletrônicas, entre as quais a “Paradoxo”



2 comentários:

  1. Muito bom!!!!!
    E o pior disso tudo é que já
    fui obrigada a ver um showzinho desses
    bem aqui na paróquia do meu bairro.
    Misericórdia!
    Parabéns!
    Beijos

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  2. Já me convenceu: contratarei o Walderley. Mas caso tenha de ver ao show, nada feito. Boa vontade tem limite. Quanto a ler a crônica de quinta-feira, digo que é indispensavel.

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