sexta-feira, 23 de outubro de 2009


Importância da edição

Caríssimos leitores, boa tarde. Num piscar de olhos, chegamos a novo final de semana e estamos próximos do fim do décimo mês de 2009. Daqui até o Natal, será um pulinho, bem como para 1° de janeiro de 2010. Estamos prestes, pois, a fechar a primeira década do século XXI.
Porém, a passagem do tempo não é o tema que escolhi para tratar com vocês nesta sexta-feira. Meu assunto é algo que entendo bem, que garante o meu ganha pão há décadas, e que é o que mais sei e gosto de fazer na vida: edição.
Muitos não se dão conta da importância dessa atividade. Aliás, a maioria absoluta das pessoas sequer sabe o que um editor faz e muito menos os nomes dos principais, que garantem o sucesso e a qualidade dos jornais, noticiários de rádio e TV e até da maioria dos sítios (ou “sites”, como queiram) da internet. Esse é um assunto sobre o qual, modéstia a parte, posso falar de cátedra. Já fiz todos os tipos de edição possíveis e imagináveis: de jornais, revistas, noticiários de rádio, de televisão e de sites da internet, até, creiam, de livros. Daí trazer à baila, aqui, no Literário, esse tema. Ou seja, sei do que estou falando.
Sem entrar muito em detalhes, o Editor é o sujeito que decide e que elabora (diria, “burila”, embora não redija) as matérias que serão divulgadas em sua editoria. Muitos pensam que a decisão sobre qual reportagem será publicada em um jornal, por exemplo, cabe ao repórter. Estão enganados.
Embora sem negar a importância deles (e nem poderia), esses abnegados (e sofridos) profissionais são subordinados ao editor. Este é que irá determinar o que e como será publicado em sua editoria (Opinião, Política Nacional, Cidades, Internacional, Esportes etc.).
Isso funciona quer em jornal impresso, quer no falado ou televisado. O que muda são os parâmetros. O editor de jornal trabalha tendo a centimetragem por referencial, enquanto que o de rádio e o de TV tem por referência a unidade de tempo, no caso, os segundos.
Uma boa edição valoriza um mau texto, mas a recíproca é verdadeira. Ou seja, se for desastrada e inepta, arruína as melhores reportagens. Noventa por cento dos méritos, portanto, do sucesso dos repórteres que conquistam os mais cobiçados prêmios de jornalismo no País e no mundo são do editor, embora isso jamais seja reconhecido. Não importa. O que vale a esse profissional é a certeza de um trabalho bem feito.
Se o editor é importante em jornais, revistas, rádio, televisão e sites da internet, também o é na publicação de livros. Uma edição mal-feita, confusa e sem imaginação, arruína obras até dos mais talentosos e badalados escritores. Até de um Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade ou Honoré de Balzac, entre outros. Em contrapartida, conheço casos de textos eivados de defeitos crescerem nas mãos de excelentes editores.
Muitos não se preocupam, por exemplo, com o corpo (o tamanho das letras) com que o livro será impresso. Alguns editores, para economizar papel, usam-no pequenininho, quase microscópico, dificultando a leitura. Isso pode afetar as vendas, principalmente se o comprador tiver o hábito (muitos têm e eu também tenho) de folhear a obra a ser adquirida, antes de concretizar a compra. É um detalhe aparentemente sem importância, mas que tem trazido prejuízos a muitos escritores, sem que estes sequer desconfiem.
Não custa ao editor caprichar na edição, mesmo que seu nome não apareça em parte alguma do livro (e não aparece mesmo). Ele deve atentar para coisas mínimas (já que para o essencial até o mais relapso deles atenta). Por exemplo, não custa sugerir ao autor que coloque ilustrações em pontos estratégicos da obra, mesmo que isso venha a aumentar o custo. Se o livro for bom, esse aumento de preço será até benéfico ao autor, já que seus direitos autorais (que oscilam entre 20% e 30%) serão calculados sobre o preço de capa. Se a edição for caprichada (e o texto for bom, claro), o comprador não se importará em pagar um pouco a mais pelo produto (embora o livro no Brasil ainda seja caríssimo).
Outra coisa que pode (e deve) ser feita na edição de um livro (além da escolha de um corpo de bom tamanho e das ilustrações), é um índice bem-elaborado, além de uma ênfase a cada novo capítulo (e para isso não custa utilizar capitulares na abertura de cada um deles). E, caso se trate de alguma obra que exija estudo do leitor (como de filosofia ou de outra disciplina específica qualquer), o editor deve atentar para as notas nos rodapés das páginas e no final do volume, com a respectiva bibliografia.
Quem sofre mais com edições mal-feitas são os que publicam livros do próprio bolso. Ou seja, são os que contratam “gráficas”, e não editoras, para a impressão das suas obras. Nestes casos, quase sempre (para não dizer invariavelmente) são eles mesmos que fazem a edição. Ou, quando não, deixam-na a cargo de algum funcionário da gráfica. Claro que ele não se importará com detalhes. Sua preocupação será com o custo de produção, de olho, logicamente, no lucro que possa ter. E o resultado, salvo raríssimas exceções, é um monumental encalhe Certamente, por sua relevância, voltarei ao assunto qualquer dia desses.

Boa leitura.

O Editor

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