quarta-feira, 16 de setembro de 2009


Divulgação é essencial

Caríssimos leitores, boa tarde. Um amigo de longa data, que volta e meia me inquire sobre minhas preferências literárias, me questiona, por e-mail, a respeito da poesia regional. Pergunta-me o que acho dela. Não acho nada. Da minha parte lhe respondo que, para mim, essa manifestação de sensibilidade e beleza, que é a arte de poetar, é, sobretudo, universal.
Gosto de poetas (dos bons, obviamente) de toda e qualquer parte do mundo. Para mim só existe uma distinção quando se trata de poesia: a boa e a ruim. No mais... Tudo não passa de perfumaria. Sou leitor compulsivo desse gênero e, vira e mexe, também perpetro meus versos, que já me valeram, inclusive, um prêmio de âmbito nacional. Mas essa é uma outra história.
Se tivesse, todavia, que optar por poetas de alguma determinada região do País, possivelmente optaria pelos do Nordeste. “Por que essa opção, se você é jornalista e escritor do Sul?”, me perguntou, certa feita, o referido amigo.
Não sei explicar. Nem sei se há alguma razão objetiva para isso. Talvez se trate de mera afinidade espiritual, não sei. Provavelmente isso ocorre porque os poetas nordestinos são os que mais conheço e que mais influência exercem sobre minha visão de mundo e, por conseqüência, sobre minha literatura. E olhem que eles sequer são devidamente divulgados. E como vocês sabem, divulgação é essencial. Eu é que sou incorrigível xereta, pesquiso, procuro, reviro livros e mais livros em sebos, e, no final das contas, encontro-os. E me delicio com os seus versos. Afinidade espiritual, é isso...
Os poetas de outras regiões que me perdoem. Não estou afirmando que faço pouco caso da sua poesia. Evidentemente não faço. Por isso, já afirmei acima: gosto dos bons poetas de toda e qualquer parte. Mas... se tivesse que escolher... Daí ter usado o verbo “ter” no condicional.
Esse fascínio pelos poetas nordestinos vem de longe, da minha infância. Vem desde a leitura de dois livros do maranhense Gonçalves Dias, passando pelos baianos Castro Alves e Tobias Barreto, “desaguando” na contundente e apavorante (de tão vibrante e bela que é) poesia do paraibano Augusto dos Anjos.
E não é só. Não gosto de citar nomes, pois sempre que o faço, cometo injustiças. Mas não posso omitir um Manuel Bandeira, um João Cabral de Melo Neto, um Catulo da Paixão Cearense, um Patativa do Assaré, um Joaquim Cardoso (homem de memória prodigiosa, que decorava todas as suas poesias, que eram muitas, e as declamava, uma por uma, sem mudar uma só letra ou vírgula do que havia escrito).
Também não posso, não devo e nem vou omitir poetas como Oliveira e Silva, Austero Costa, Eugênio Coimbra Filho, Audálio Alves, Mauro Mota, Carlos Pena Filho, César Leal, Edmir Domingues, Tomaz Seixas, Gonçalves de Oliveira, Carlos Moreira, Alberto Cunha Melo, Arnaldo Tobias, Cyl Gallindo, Jacy Bezerra, Jobson Figueiredo, Marcos Santander, Maria Lúcia Chiapetta, Maurício Motta, Sérgio Moacir de Albuquerque, Tarcísio Meira César e José Bezerra de Carvalho.
Como esquecer dos poetas que generosamente participam do Literário, como Luís Augusto Cassas e Eduardo Pragmacio Filho, por exemplo? Ou desse tremendo talento poético (sobre o qual ainda escreverei, oportunamente, muitas considerações), que é o nosso ilustre colunista das terças-feiras, Talis Andrade? Ou dessa poetisa doce e sensível, que é a Evelyne Furtado, a quem trato, carinhosamente, de Veca?
Entenderam por que, se tivesse que optar por poetas de alguma região, optaria pelos do Nordeste? Não canso de ler os seus versos e de divulgá-los, com o maior entusiasmo, na esperança de que algum dia, algum generoso escritor nordestino divulgue também a minha obra (que pelo menos em volume é imensa) aí, nessa região que tanto amo por uma série de razões que não cabe, aqui, declinar, por não ser espaço oportuno para tal. Voltarei ao assunto.

Boa leitura.

O Editor.

3 comentários:

  1. Falo sério. Me espantou a extensão e profundidade do seu conhecimento poético. Mas a sua escolha pela região nordestina seria mais precisa se dissesse "poesia pernambucxana". Sem qualquer bairrismo, você deve ter notado, entre os mencionados é grande a quantidade de poetas pernambucanos ou nascidos para a poesia em Pernambuco. (Castro Alves é um deles - sem o Recife ele seria apenas mais um romântico, segundo Jorge Amado).
    Mas eu gostaria muito que você se apressasse, por favor, na apreciação dos poemas de Talis. O destaque feito a ele revela uma aguda sensibilidade tua, de Pedro, o russo mais brasileiro que há.
    Outra coisa, por fim: algum dia vou investigar os estranhos, estranhíssimos laços que ligam o Rio Grande do Sul a Pernambuco. Eu não sei, eu não entendo, são muitas e muitas coincidências, de espírito e até vocabulário.
    Abraço.

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  2. Muito conhecimento tem da poesia. Nem consultando o Google seria capaz de falar tanto.

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