terça-feira, 21 de julho de 2009


Reescrita fiel

O tradutor é um dos personagens mais importantes da Literatura de qualquer país. Mesmo que jamais tenha escrito um único livro seu, merece, de sobejo, a classificação de “escritor”, o que de fato é. Sem ele, não teríamos acesso a obras fundamentais para a nossa reflexão e nossa cultura, escritas em línguas muito diferentes da nossa.
Sua tarefa é das mais árduas e meticulosas, pois seu desafio é o de virtualmente reescrever os livros que traduz, mantendo-se, todavia, rigorosamente fiel ao conteúdo e ao espírito do original. Isso requer dele, antes de tudo, amplo conhecimento de gramática, mas não apenas portuguesa (no caso dos tradutores para o português), mas também (e principalmente) da língua em que originalmente a obra foi escrita.
Sem esse personagem, a indústria editorial ficaria, virtualmente, paralisada. Afinal, a imensa maioria dos lançamentos é de livros de escritores estrangeiros. Trabalho, como se vê, não falta a esses profissionais. Quanto à remuneração... Bem, esta já é outra história.
Mestres da Literatura Brasileira, reconhecidos, com justiça, pelo público como nossos maiores escritores, foram, também, exímios tradutores. Posso citar, por exemplo, o campineiro Guilherme de Almeida, considerado (por seus méritos) como o “Príncipe dos Poetas Brasileiros”.. Outros, que nos vêm de imediato à memória, são Mário Quintana, Manuel Bandeira, os irmãos Augusto e Geir Campos, Boris Schneiderman e vai por aí afora.
Graças a essas competentes figuras, temos acesso a obras escritas em qualquer das mais 20 mil línguas e dialetos falados no mundo todo. Este editor teve, recentemente, o prazer e o orgulho de ver seu conto “Estrelinha” (publicado, recentemente, aqui no Literário), traduzido (vejam só!) para o japonês.
Claro que, por desconhecer por completo esse idioma (não sabe sequer as primeiras letras do seu enorme alfabeto), não teve como conferir a fidelidade dessa tradução. Mas só o fato de pessoas que vivem no outro lado do planeta terem acesso, em sua língua materna, a uma história que construiu do nada, é um enorme privilégio.
Há textos mais fáceis e outros mais difíceis de traduzir. Depende tanto do gênero, quanto da língua em que ele foi, originalmente, escrito. Se for em idiomas irmãos do português, digamos espanhol, francês ou italiano, é uma coisa. Se em inglês, alemão, sueco, japonês ou russo, outra.
Entre os principais obstáculos que ocorrem no processo de tradução destacam-se as expressões idiomáticas. Ou seja, as “gírias” utilizadas pelos diversos povos. Daí a necessidade do tradutor conhecer, não apenas superficialmente, mas a fundo, os dois idiomas com que irás trabalhar. O do original e o para o qual fará a tradução. Voltaremos ao assunto, que é muito mais amplo do que possa parecer à primeira vista.

Boa leitura.

O Editor.

Um comentário:

  1. Alguns que conhecem rudimentos da outra língua, acreditam que a tradução tenha ficado imperfeita. Isso sempre ocorrerá em vista das diferenças entre os idiomas.

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