sábado, 25 de julho de 2009


Agente literário

Qual é a função do escritor? É, obviamente, escrever. Qual é o papel que a sociedade lhe atribui e espera que ele cumpra? É o de criador de histórias, idéias, conceitos, reflexões etc. e tudo, enfim, o que induza o povo pensar. Ele é o agente provocador, que traz à baila os problemas e contradições sociais e individuais. Castro Alves, no poema “O livro e a América” caracteriza-o como o abridor do “vasto templo das idéias” às multidões.
Todavia, no Brasil, o escritor assume várias funções que não lhe deveriam caber, por não estar preparado para elas. Não se limita, pois, a produzir textos, de todos os gêneros literários e assuntos do vasto campo do conhecimento, mas se vê obrigado, pelas circunstâncias, a se transformar em “mascate” da sua produção, tentando vender seus livros às editoras, sob pena de permanecer inédito para sempre e de todo o esforço que despendeu resultar em nada.
Falta, entre nós, um elo na cadeia que liga o produtor literário ao seu destinatário final, o leitor. Essa figura existe em vários países do chamado Primeiro Mundo e mostra-se eficientíssima em sua tarefa, liberando o escritor para exercer, apenas, a função que lhe deve sempre caber: a de escrever. Trata-se do agente literário.
No Brasil, são raros, raríssimos esses profissionais. Sua tarefa específica é a de negociar com as editoras a publicação de livros dos seus clientes de maneira vantajosa para ambos, além de se encarregar da divulgação e da distribuição, cuidando para que as obras produzidas por seus contratados cheguem, de fato, às mãos dos destinatários finais.
Trata-se de um nicho profissional ainda virtualmente virgem (ou quase), com enorme potencial, à espera de pessoas empreendedoras e dinâmicas que o explorem. Nos Estados Unidos, França, Inglaterra e outros tantos países, são raros os escritores que negociam diretamente a publicação de seus livros. Com isso, deixam de perder um tempo imenso, que podem dedicar integralmente à sua atividade, com excelentes resultados para todas as partes.
Quem escreve, convenhamos, salvo exceções, não tem talento algum para vender, mesmo que seja as próprias idéias que produziu. Se tivesse, ademais, sequer seria escritor, mas vendedor, não é mesmo? A falta do agente literário é perniciosa para todas as partes.
É, óbvio, para quem escreve, que perde um tempo e uma soma de energia enormes numa tarefa para a qual não está preparado. É, também, para as editoras, que têm que “filtrar” bons e maus livros e que, não raro, por deficiências nessa filtragem publicam obras sofríveis, em detrimento de muitas preciosidades, que acabam se perdendo por não serem detectadas. E é, finalmente, o leitor, que poderia ter variedade muito maior de ótimas produções, que existem em profusão, mas que nunca são publicadas, por desinteresse ou equívoco das editoras..

Boa leitura.

O Editor.

2 comentários:

  1. Não me pareceu uma ideia muito boa por se tratar de mais um atravessador. O livro já tem um custo alto para a maioria dos brasileiros. Com mais essa taxa pelo caminho, o preço mais alto poderá inviablizar o mercado livreiro nacional. A mentalidade geral precisartá mudar muito, antes de ser instituida a ação desse profissional. Esse intermediador ou agente literário, como você o chama, até poderá existir um dia, mas acho improvável diante da ameaça de fim dos impressos em papel. Custo a imaginar a viabilidade de tal agente.

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  2. Estou precisando de um agente literário. Quem se habilita? rsrs

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