quinta-feira, 21 de maio de 2009


Coisas do destino...

* Por André Rosa

“Doutor, eu não me engano, meu coração é corintiano...”, e não só o coração, mas a alma também! É com este verso da tradicional marchinha carnavalesca dos tempos da vovó, que começo esta crônica, não por acaso, mas por uma questão fundamentada em fatos e situações que comprovam coincidências no destino deste que vos fala e um certo time “do povo”, também chamado de Sport Clube Corinthians Paulista.

Na infância e adolescência...

Ser corintiano, e um dos únicos da família, no meio de uma turma de tios (paternos e maternos), primos, vizinhos e colegas torcedores de times arqui-rivais, não era fácil!

Mas me lembro bem das fantásticas decisões de campeonatos Paulista e Brasileiro nos anos de 1993 e 1994. Minha família (só os corintianos), reunida na sala, uns no sofá, outros no chão, eu então com nove, 10 anos, vestido com o manto sagrado, bons tempos...

À época, não tinha amigos próximos corintianos, portanto, jogos do Timão em estádio? Só na adolescência e olhe lá... Mas o destino me reservou uma das melhores estréias. Decisão da Copa São Paulo de Futebol Júnior, de 1999, Corinthians e Vasco, em pleno Pacaembu, placar? 1 a 0 para o Timão e tome comemoração...

Na fase adulta...

Um dos meus grandes parceiros, que conquistei e fui conquistado, enfim, é corintiano. Kauê, conhecido como “Orelha”, para os mais chegados. No começo da amizade, era meio devagar, não comentava muito sobre futebol, mas sempre fez questão de dizer pra todos que lhe perguntavam:
- Que time você torce?
- Corinthians, pô!

Pois foi com ele, que enfrentei a primeira desilusão com meu time do coração vista e sentida das arquibancadas do Morumbi. Final da Copa do Brasil de 2001, Corinthians e Grêmio. Antes de dizer o resultado da partida, tenho que mencionar a verdadeira peregrinação que fizemos na madrugada, três dias antes da decisão, atrás dos ingressos para o jogo. Horas e horas na fila, no meio do tumulto, para no final ver a equipe gaúcha levantar o caneco, para tristeza geral da nação corintiana. Mas, oito anos depois, o destino uniu esta dupla novamente, relato contato mais adiante...


Na vida amorosa...

“Amores amores e torcidas à parte”. Pois foi assim que consegui definir uma situação ocorrida com uma ex-namorada. Já tinha me relacionado com torcedoras opostas, mas não imaginava namorar uma tão rival assim. A garota, palmeirense, capaz de sempre tirar onda nos jogos com revés corintiano, inclusive nos momentos mais melancólicos de um legitimo alvinegro de coração.

Esqueça os times, e pense no lado do amor ao parceiro, pois foi justamente isso que não aconteceu, naquela tarde ensolarada de domingo, do dia 3 de Dezembro de 2007, o dia da queda do Corinthians à Série B do Campeonato Brasileiro. Se o amor sucumbiu com o tempo, o mesmo não ocorreu com a paixão clubística, que simplesmente se intensificou mais e mais...

Já no profissional...

Bom, aí a coisa é mais complicada, uma vez que envolvia o discernimento pessoal do profissional. Todo recém-formado, independente da vocação, espera a tão sonhada oportunidade de ouro no trabalho, para mostrar que é capaz de desenvolver a tarefa proposta e almejar um lugar ao sol. Pois bem, na vida deste “foca” (jornalista novato), a super chance, surgiu, justamente na cobertura de uma reportagem esportiva, que iria ao ar em rede nacional.

Assim quis o destino, que no mesmo local, menos de uma semana, lá estava, torcendo, xingando e comemorando mais um titulo alvinegro, o Paulistão de 2009. Celebrando por sinal, com aquele amigo, o Kauê, que anos atrás, também se decepcionou com o alvinegro paulista.

A matéria ficou boa e a inexperiência pesou um pouco, mas nada que comprometesse o resultado final. Difícil mesmo foi não se arrepiar com os cânticos da galera e a vontade de cantar junto... Foi nessa hora que parei, olhei para o microfone, para os demais corintianos na arquibancada e só ouvi a voz do coração. Percebi que dentro dele, há um cantinho para várias paixões, como para a profissão de jornalista e para o meu Timão...


* André Rosa é jornalista ou contador de histórias, como gosta de se definir.

Um comentário:

  1. pois é, Rosa,é nessas horas que pesa a tal isenção jornalística!rs... as vezes sofro ao entrevistar alguns músicos que sou "fã" de carterinha. Lembro quando entrevistei Wagner Tiso, nossa o coração quase saiu pela boca,rs...

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